domingo, 17 de abril de 2011

Espiritualidade & Mercado

Das vielas às universidades globalização não é mais só um conceito, estamos vivendo de maneira intensa essa nova realidade mundial aqui no nordeste. Isso me remete a década de noventa quando vi alunos e professores receberam deslumbrados a noticia alvissareira da chegada da tal globalização. Nessa época eu dava aulas de arte numa comunidade carente que acreditava nos benefícios que esse fenômeno do mercado traria. Um aspecto que impulsiona e legitima essa nova realidade é o “grande espírito” tecnológico nas comunicações via internet que viabiliza uma nova era de informações e conhecimento à humanidade, dando uma conotação democrática. Mas não é bem assim para todos os cidadãos, principalmente os mais pobres. A princípio não há nada de errado em acreditar e desejar pra si tamanha promessa de desenvolvimento social, pois conhecimento nas mãos humanas transforma o meio. Contudo é necessário, que nessa corrida para o futuro, que já é presente, identificar alguns pontos negativos que veio a reboque dessa magnífica materialização de desejos comerciais. O que de fato temos adquirido com nossa inserção global? Se olharmos com mais interesse veremos algum lixo resultante dessa odisséia que o mercado nos convida a cada momento. Podemos nomear alguns reveses como ansiedade, aceleração mental, individualismo exacerbado e pouca comunicabilidade interpessoal. Parece paradoxal, mas é real, a excelência da técnica dessa geração produz uma infeliz realidade, o distanciamento da espiritualidade. Segundo Ed René Kivitz “A espiritualidade pode ser compreendida como atributos do espírito; autoconsciência, consciência, volição, emoção e razão, e também como virtudes do espírito: justiça, compaixão, solidariedade, capacidade de perdoar e se sacrificar por amor”... Temos aberto a janela e visto um mundo distante dessa espiritualidade. O que na verdade planeja o mercado para combater ou minimizar os efeitos de um comportamento devastador em nossas relações? Trarão os ansiolíticos da grande indústria farmacêutica as respostas?  Por necessidade tecnológica o mercado criou conceitos analógicos e digitais para um melhor aproveitamento do tempo nos processos de comunicação e execução das maquinas, isso de alguma forma tem sido incorporado ao comportamento de milhares de pessoas que ao ligarem o botão de um equipamento acionam o mundo virtual sem questionamento. Ao corrigir as defasagens técnicas com leituras digitais tornou-se normal que também fizéssemos o mesmo em nossa espiritualidade. Não vejo porque demonizar a técnica ou conhecimento algum, mas as intenções que estão por trás de processos alienantes devem ser questionadas, averiguadas, por cada cidadão, pois a vida é mais que liga/desliga de um botão.    


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