A percepção do comum, igualmente o sagrado e o profano, são conhecimentos que todos nós experimentamos no decorrer da vida. A meu ver a experimentação do comum é o que temos de mais luminoso na existência humana, pois a partir do corriqueiro entendemos o mundo que nos cerca. Nosso entendimento de tempo, espaço e limites psicológicos são formatos instituídos e estabelecidos culturalmente e produzem o estado de pertença na realidade comum. Mas nós somos seres humanos! Temos que apresentar um significado para o ordinário além dele... Por isto, re-significamos a singularidade do comum tornando-o transcendental, santo ou extraordinariamente profano. Como pode ser? Tomemos o amor como exemplo: sentimento sublime, comum aos seres humanos, que assume conotação santa na dedicação de uma mãe e de um pai presentes, no choro de uma jovem que perdeu seu namorado subitamente, na brincadeira de crianças, nas partidas de futebol, coisas do tipo bem comuns! Mas que podem ser estranhamente sagradas e não religiosas! Esse amor transcendente é do tipo fluído, elástico, de pura fé, compartilhado honestamente com pessoas das mais comuns. Você já notou que quando estamos perto de Deus amamos pessoas! A propósito, Ele se apresenta em nossas vidas de forma bem comum para revelar o Santo, o querido de nossa alma, de quem diz o profeta: não tinha beleza alguma, pois era comum! A experimentação do amor de Cristo, assim sua espiritualidade e morte, são exemplos de que re-significamos o inexorável comum. De maneira que a banalização da vida é não compreender estes significados, profanados por paixões materialistas que são poços sem água, caminhos onde a única certeza é a dor. Portanto, desconsiderarmos a natureza comum na qual estamos inseridos é profanar o sagrado da existência humana.
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